HIV/AIDS no município de Rio de Janeiro


Apresentação

A Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS- Rio) apresenta o Boletim Epidemiológico de HIV/AIDS no município do Rio de Janeiro. Este boletim foi elaborado em conjunto pelo Centro de Inteligência Epidemiológica (CIE) da Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS) e Área Técnica da Síndrome de Imunodeficiência Adquirida e Doenças Sexualmente Transmissíveis da Coordenação das Linhas de Cuidado das Doenças Crônicas Transmissíveis da Superintendência de Atenção Primária (SAP), ambos da Subsecretaria de Promoção, Atenção Primária e Vigilância em Saúde (SUBPAV) da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS-Rio).

A infecção pelo HIV e a AIDS fazem parte da lista Nacional de Notificação Compulsória de Doenças, Agravos e Eventos em Saúde Pública (Portaria GM/MS No.5.201, de 15 de agosto de 2024). Também estão incluídos os casos de infecção em gestantes/parturientes/puérperas e as crianças expostas ao HIV por transmissão vertical. É fundamental que todos os casos sejam notificados, sempre buscando preencher todas as informações solicitadas. Além disso, a eliminação da aids como problema de saúde pública é uma das metas do Programa Brasil Saudável - Unir para Cuidar, estabelecido por meio do Decreto nº 11.908, de 6 de fevereiro de 2024 e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Frente a este desafio, a SMS-Rio apresenta o panorama epidemiológico do HIV/aids no Município do Rio de Janeiro (MRJ) reunindo informações sobre os casos no período de 2014 a outubro de 2025. Apresenta, também, os dados operacionais ligados à organização da atenção, acesso ao diagnóstico e tratamento, utilizando dados de seis sistemas de informação em saúde (SINAN; SIM; SISCEL; SISLOGLAB; SICLOM; IL-TB), além das ações de enfrentamento da doença na cidade. Mais do que um produto técnico, este boletim reafirma o compromisso da SMS-Rio em aprimorar continuamente as ações de vigilância, prevenção e controle do HIV/aids, orientando gestores e serviços de saúde com informações qualificadas para o enfrentamento da doença no município.


Os dados de HIV/AIDS são atualizados semanalmente e podem ser consultados no Observatório Epidemiológico da Cidade do Rio de Janeiro (EpiRio), disponível no endereço https://svs.rio.br/epirio .

1. Panorama epidemiológico

O monitoramento contínuo do cenário epidemiológico das pessoas vivendo com HIV/AIDS na população do MRJ traz subsídios para as ações de enfrentamento. Por exemplo, a taxa de detecção vai refletir as ações de promoção de saúde, de controle da doença e de acesso ao diagnóstico. Por conta disso, observa-se uma flutuação na taxa de detecção. Entre 2014 e 2017 houve um aumento contínuo da taxa, passando de 52,6 para 64,8 casos por 100 mil habitantes, período de expansão da testagem pelo programa “Teste e Trate”. A partir de 2018, a taxa reduz para 56,2 e em 2019 para 47,1 e, durante os anos da pandemia apresentou os menores índices da série com 36,2 em 2020 e 38,2 em 2021, considerando o impacto dos anos pandêmicos na procura da população pelos serviços de saúde. A partir da retomada plena dos serviços, em 2021 e 2023 as taxas voltaram a crescer, estabilizando-se entre 47,7 em 2022 e 46,5 em 2024. Vale destacar a queda da taxa que reduziu de 64,8 em 2017 para 46,5 em 2024, ambos anos marcados por expansão de testagem.


1.1. Taxa de detecção de HIV/Aids por 100.000 habitantes por ano, município do Rio de Janeiro (MRJ), 2014-2025

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


1.1.1. Número de casos e taxa de detecção por ano, MRJ, 2014-2025

Ano No. casos Taxa de detecção
2014 3185 47.0
2015 3818 56.3
2016 3876 57.2
2017 3859 57.0
2018 3332 49.2
2019 2809 41.5
2020 2256 33.3
2021 2389 35.3
2022 2884 42.6
2023 2866 42.3
2024 808 41.4
2025 2007 29.6
a Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


1.2. Número de casos de HIV/Aids por Área de Planejamento (AP) e ano, MRJ, 2014-2025

Em relação às Áreas de Planejamento (AP) do município do Rio de Janeiro, a tendência nas AP foi de aumento até 2017, seguido de um declínio gradual nos anos subsequentes e estagnação após pandemia, assim como no MRJ. As AP 5.3 e AP 2.2 são áreas com os menores números de casos.


Ano AP 1.0 AP 2.1 AP 2.2 AP 3.1 AP 3.2 AP 3.3 AP 4.0 AP 5.1 AP 5.2 AP 5.3
2014 278 394 113 318 245 479 455 297 329 219
2015 332 397 127 432 286 467 571 427 455 257
2016 323 393 118 446 312 375 605 381 528 336
2017 430 363 86 418 343 449 686 355 488 182
2018 254 295 92 390 244 384 526 374 436 196
2019 256 255 61 311 202 363 316 332 420 170
2020 179 166 57 203 159 295 307 287 344 141
2021 176 253 69 230 163 310 256 344 328 117
2022 214 227 84 306 224 362 398 411 328 156
2023 253 231 70 297 218 343 295 406 327 151
2024 263 230 72 288 214 376 274 433 353 181
2025 203 133 53 226 197 258 198 263 255 148
a Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


1.3. Distribuição geográfica de casos de HIV/AIDS no MRJ

Para analisar a distribuição espacial de casos e ilustrar sua concentração, foi realizada uma agregação por grade hexagonal e classificada a partir da quantidade de casos em cada hexágono.
A distribuição espacial dos casos mostra maior concentração nas regiões Central e Norte da cidade, áreas de elevada densidade populacional. A análise em grau hexagonal evidencia pontos de destaque, especialmente em locais que abrangem unidades prisionais com população privada de liberdade: na AP 5.1, o hexágono com 21 ou mais casos inclui o Complexo de Gericinó (Bangu), e na AP 1.0, outro hexágono concentra o SEAP Benfica. Esses achados reforçam a relação entre maior ocorrência de AIDS, vulnerabilidade social e contextos de população encarcerada. Mas também refletem a atuação das Unidades de Atenção Primária Prisional da SMS Rio nesses complexos penitenciários ampliando testagem e acompanhamento. Além disso, a AP 4.0 também se destaca, com Gardênia Azul apresentando mais de 21 casos no estrato mais elevado

Além desses pontos específicos, observa-se a presença de áreas expandidas com altas concentrações de casos, influenciadas por fatores como densidade populacional, vulnerabilidade social e barreiras de acesso aos serviços de saúde. Embora os dados de 2025 ainda não estejam concluídos, a distribuição espacial mantém padrão semelhante ao identificado em 2024.


1.3.1. Concentração espacial por grade hexagonal de área de residência de casos de HIV/AIDS, MRJ, 2025


1.3.2. Concentração espacial por grade hexagonal de área de residência de casos de HIV/AIDS, MRJ, 2024


1.4. — Dados demográficos dos casos de HIV/Aids, MRJ, 2014-2025

Quanto ao perfil sociodemográfico dos casos, a população jovem do sexo masculino permanece sendo a mais afetada. No recorte raça/cor, é possível observar redução constante na proporção de casos em brancos e aumento na população negra, ou seja, pretos e pardos somados. Quanto à escolaridade a maior proporção de casos é de pessoas com 8 a 11 anos de estudos e uma parcela significativa de casos com essa informação ignorada, indicando a necessidade de qualificação das notificações. Esses resultados reforçam a importância de estratégias específicas voltadas para diferentes grupos sociais e demográficos, com o objetivo de garantir equidade no acesso ao diagnóstico, tratamento e prevenção do HIV e aids no município.

1.4.1. Distribuição por sexo (A), faixa etária (B), raça/cor (C) e escolaridade (D) dos casos de AIDS por ano, MRJ, 2014-2025

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


1.4.2. Pirâmide etária dos casos de HIV/AIDS por ano, MRJ, 2014-2025

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


1.5. Classificação clínica no momento da notificação por ano

A partir de 2014, a notificação da infecção pelo HIV tornou-se obrigatória e, no mesmo período, iniciou-se a ampliação do cuidado às pessoas vivendo com HIV e aids (PVHA) na Atenção Primária à Saúde. É importante também destacar que em 2016 ocorreu a descentralização do atendimento e acompanhamento das PVHA com a finalidade de ampliar o acesso ao cuidado e fortalecer o vínculo com os serviços de saúde. Essas mudanças contribuíram para uma alteração gradual no perfil das notificações, com redução na proporção de casos classificados como aids e aumento das notificações de infecção pelo HIV, refletindo diagnóstico mais oportuno e maior acesso à testagem. A partir de 2020, observa-se uma estabilização na distribuição das categorias da classificação clínica dos casos, com a maior parte das notificações sendo classificada como infecção pelo HIV, enquanto os casos de aids permanecem em patamares inferiores. Em 2024 a proporção de casos de aids foi de 17,2% e de 18,1% em 2025. Embora a proporção de casos de aids tenha diminuído ao longo dos anos, esta estagnação sugere a necessidade de aprimorar as estratégias de prevenção, testagem e acompanhamento. A manutenção de níveis persistentes de aids indica que ainda há desafios no diagnóstico precoce e no início oportuno do cuidado, especialmente em populações mais vulneráveis.

Na análise por Área de Planejamento (AP) do município do Rio de Janeiro entre 2014 e 2025 a proporção de casos classificados como aids e HIV segue a tendência geral do município, que apresenta uma transição significativa para diagnósticos precoces de HIV ao longo do tempo. As AP 1.0, 4.0, 5.1 e 5.2 são as áreas que possuem as menores proporções de casos classificados como aids ao longo da série histórica com os anos fechados. É importante destacar que as AP 3.2 e AP 3.1, em comparação do ano de 2024 em relação a 2023, mostrou um aumento proporcional das notificações de aids, o que pode sinalizar dificuldades específicas na continuidade do diagnóstico precoce ou no acompanhamento adequado das pessoas vivendo com HIV e aids (PVHA). As diferenças entre as AP reforçam a necessidade de intensificar ações direcionadas nos territórios que ainda enfrentam dificuldades no diagnóstico precoce e cuidado oportuno para redução dos casos de aids.


1.5.1. Distribuição proporcional no MRJ, 2014-2025

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


1.5.2. Distribuição proporcional por AP, MRJ, 2014-2025

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.



2. HIV em gestantes

2.1. Taxa de detecção de infecção pelo HIV em gestantes por 1.000 nascidos vivos, MRJ, 2014-2025

A taxa de detecção da infecção pelo HIV em gestantes oscilou em torno de 6,0 a 6,6 casos por 1.000 nascidos vivos entre 2014 e 2019, a partir de 2020 com tendência de crescimento discreto, registrando pico histórico de 7,4. Em 2025, os dados parciais registram uma taxa de 8,7 casos por 1.000 nascidos vivos.

A análise por AP apresenta crescimento discreto em quase todas as áreas da cidade, excetuando-se a AP 5.3 que apresenta decréscimo desde 2023. Em 2025, embora ainda sejam dados parciais, destacam-se a AP 1.0, com uma taxa de 14,6 gestantes com HIV a cada 1.000 nascidos vivos, as APs 3.2 e 4.0, que registram 10,5 e AP 3.3 com 10,4, respectivamente. A AP 3.3 mantém uma tendência consistente de aumento na detecção ao longo do período. Já a AP 2.2 apresenta maior estabilidade ao longo do tempo.

Vale ressaltar que o crescimento na detecção de HIV em gestantes oportuniza a identificação precoce e contribui para o monitoramento adequado das gestantes e a adoção de medidas preventivas para reduzir a transmissão vertical do HIV. Esse padrão sugere que a Atenção Primária tem conseguido identificar um número crescente de gestantes vivendo com HIV, o que é importante para a prevenção da transmissão vertical, mas evidencia que a infecção segue concentrada em determinados territórios e contextos de maior vulnerabilidade, demandando ações focalizadas de prevenção combinada, planejamento reprodutivo e qualificação do pré-natal nessas áreas.

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


2.2. Taxa de detecção de infecção pelo HIV em gestantes por 1.000 nascidos vivos e por AP, MRJ, 2014-2025

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.



3. HIV em crianças

3.1. Número de casos por ano, MRJ, 2014-2025

O número de casos de HIV em crianças residentes no município do Rio de Janeiro por transmissão vertical apresenta tendência clara de queda entre 2014 e 2025, com pequenas oscilações. Observa-se redução de 23 casos para 13 entre os nascidos em 2014 e 2017, um aumento em 2018, seguido de novo declínio, chegando aos menores valores de toda série histórica com 3 casos em 2024 e 2 casos em 2025 (parcial). Embora o MRJ ainda não tenha conseguido alcançar a meta de eliminação da transmissão vertical do HIV, esses resultados indicam diminuição progressiva da ocorrência de infecção pelo HIV em crianças, compatível com o fortalecimento das ações de prevenção da transmissão vertical, incluindo testagem e tratamento de gestantes, profilaxia no parto e acompanhamento de crianças expostas.

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.



4. Mortalidade

O decréscimo da taxa de mortalidade por AIDS acompanhou a evolução da terapia antirretroviral, com uma tendência de redução. Atualmente, as principais causas de morte em PVHA deveriam acompanhar as da população em geral, com as doenças cardiovasculares e as neoplasias. Entretanto, a tuberculose continua sendo uma causa de morte importante entre os PVHA, embora exista a oportunidade de prevenção com o tratamento da infecção latente.

4.1. MRJ

4.1.1. Taxa de mortalidade por 100.000 habitantes e ano, MRJ, 2014-2025

A taxa de mortalidade vem apresentando queda consistente, passando de 14,1 óbitos por 100.000 habitantes em 2014 para 7,1 óbitos por 100.000 habitantes em 2024 e 5,3 óbitos por 100.000 habitantes em 2025 (parcial). Esse padrão sugere melhora progressiva da sobrevida das pessoas vivendo com HIV/Aids, compatível com a ampliação do diagnóstico precoce, do início oportuno de TARV e da prevenção e manejo das coinfecções, em especial tuberculose.

Fonte: SIM, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


4.1.2. Taxa de mortalidade por sexo, MRJ, 2014-2025

A taxa de mortalidade por HIV/Aids vem apresentando declínio consistente em ambos os sexos. No entanto, a população masculina permanece, sistematicamente, registrando taxas mais elevadas em todo o período analisado. Entre os homens, observa-se queda de aproximadamente 19 para cerca de 7 óbitos por 100.000 habitantes; entre as mulheres, a taxa apresenta redução de cerca de 10 para menos de 4 óbitos por 100.000 habitantes. A diferença entre os sexos revela uma disparidade marcante: embora tenha havido redução proporcional em ambos os grupos, a mortalidade masculina permanece cerca de duas vezes superior à feminina na maior parte da série. Esse padrão aponta para uma maior vulnerabilidade dos homens ao óbito por HIV/Aids, possivelmente relacionada ao diagnóstico mais tardio, a barreiras de acesso aos serviços e à menor adesão à TARV.

Fonte: SIM, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


4.1.3. Taxa de mortalidade por raça/cor, MRJ, 2014-2025

A mortalidade por HIV/Aids no município apresenta queda em todas as categorias de raça/cor, porém com níveis e ritmos de redução distintos, evidenciando importantes desigualdades raciais. As taxas são sistematicamente mais altas entre pessoas pretas, que iniciam a série em torno de 30 óbitos por 100.000 habitantes em 2014 e reduzem para aproximadamente 13 em 2025. Entre pessoas pardas, a mortalidade permanece em patamar intermediário, variando de cerca de 15 para menos de 7 óbitos por 100.000 habitantes. Já entre pessoas brancas, as taxas reduziram de aproximadamente 10 para 3 óbitos por 100.000 habitantes, mantendo-se abaixo das taxas observadas em pretos e pardos durante todo o período. As categorias amarela e indígena registram taxas mais baixas, porém marcadas por forte oscilação anual, provavelmente em decorrência do pequeno número absoluto de óbitos.

Fonte: SIM, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


4.1.4. Número de óbitos por faixa etária e sexo, MRJ, 2014-2025

O padrão de mortalidade por HIV/Aids segundo faixa etária e sexo no município demonstra forte concentração dos óbitos na vida adulta, especialmente entre 20 e 59 anos, com predominância do sexo masculino. Observa-se redução no total de óbitos registrados no período analisado em todas as faixas de idade e sexo, com excessão da população a partir de 70 anos, sugerindo envelhecimento da coorte de pessoas vivendo com HIV e maior sobrevida.


Fonte: SIM, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


4.2. AP

4.2.1. Taxa de mortalidade por 100.000 habitantes por AP e ano, MRJ, 2014-2025

A taxa de mortalidade por HIV/Aids apresenta tendência geral de queda em todas as Áreas de Planejamento (AP) do município entre 2014 e 2025, porém partindo de patamares distintos e mantendo desigualdades importantes. Em quase todas as APs observa-se redução mais acentuada nos primeiros anos da série, seguida de flutuações e, em alguns casos, de pequenos recrudescimentos intermediários, mas com retomada do declínio nos anos mais recentes, o que acompanha o padrão global do município. As APs 1.0, 3.2 e 5.3 iniciam o período com as taxas mais elevadas, acima de 16 óbitos por 100.000 habitantes, e embora apresentem queda consistente, ainda mantêm, em 2025, valores superiores aos observados em áreas como 2.1 e 2.2, que partem de patamares menores e alcançam taxas menores que 5 óbitos por 100.000 habitantes. Esse padrão indica a persistência de diferenças territoriais relevantes, sugerindo concentração de maior risco de óbito por HIV/Aids em determinadas APs, possivelmente associada a contextos de maior vulnerabilidade social e acesso desigual à testagem e ao tratamento.


Fonte: SIM, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


4.2.2. Número de óbitos por AP e ano, MRJ, 2014-2025

Ano 1.0 2.1 2.2 3.1 3.2 3.3 4.0 5.1 5.2 5.3 MRJ
2014 79 63 28 125 95 150 97 102 107 66 917
2015 59 51 35 122 74 132 96 112 84 47 820
2016 54 45 27 125 75 129 57 96 70 61 742
2017 39 38 20 108 60 130 77 83 68 53 683
2018 47 32 24 101 49 112 83 83 80 42 657
2019 46 31 23 95 53 98 82 81 68 42 628
2020 39 40 25 85 58 103 86 109 74 49 672
2021 37 50 24 92 60 88 89 72 53 41 611
2022 46 27 24 73 49 94 67 70 66 44 565
2023 43 26 19 55 46 81 63 66 51 36 491
2024 32 31 10 67 40 85 56 60 55 38 478
2025 31 23 11 57 26 50 52 54 48 23 380
a Fonte: SIM, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.



5. Testagem rápida para HIV

No município do Rio de Janeiro, a testagem para HIV ocupa papel central na resposta ao enfrentamento do HIV, articulando diagnóstico precoce, início oportuno da TARV e prevenção da transmissão. Os testes rápidos contra o HIV estão disponíveis em todas as Unidades de Atenção Primária do MRJ, como parte do acesso facilitado e ampliado ao diagnóstico.

5.1. Número de testes realizados por mês e ano, MRJ, 2016-2025

O número de testes rápidos para HIV realizados no MRJ durante o período de 2016 à 2025 mantém uma tendência de crescimento ao longo do período, alcançando os maiores valores mensais da série histórica, sobretudo, nos anos de 2024 e 2025, evidenciando intensificação das ações de diagnóstico no município. Essa trajetória recente aponta para esforços consistentes de ampliação da rede de testagem, além de maior sensibilização da população para o diagnóstico.


Fonte: SISLOGLAB, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.



5.2. Número de testes realizados, número e proporção de testes positivos por ano, MRJ, 2016-2025

O número de testes rápidos para HIV realizados no MRJ aumentou significativamente durante o período, passando de 160.221 em 2016 para 459.224 em 2024 e 377.361 em 2025 (parcial até setembro/25). O aumento de testagens também está associado à redução da positividade dos testes, que de 2,3% em 2016 caiu para 1,0% em 2024 e 0,9% em 2025, até o momento. Esses dados demonstram aumento da cobertura de testagem, maior acesso ao diagnóstico e tratamento, e por consequência, maior controle da doença na cidade.


Ano Testados Positivos Proporção positivos
2016 160221 3640 2.3
2017 283850 4749 1.7
2018 318080 4650 1.5
2019 307013 4088 1.3
2020 265726 3783 1.4
2021 278605 3821 1.4
2022 300981 3613 1.2
2023 384383 3987 1.0
2024 459224 4448 1.0
2025 377361 3336 0.9
a Fonte: SISLOGLAB, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


5.3. Positividade dos testes rápidos por mês e ano, MRJ, 2016-2025

A avaliação mensal da positividade corrobora a análise da queda sustentada da mesma ao longo do período de 2016 a 2025, onde mesmo com aumento significativo de testes, não há oscilações da positividade mensal a partir do ano de 2023.

Fonte: SISLOGLAB, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.



6. Terapia antirretroviral (TARV)

A TARV deve ser iniciada em até 7 dias após o diagnóstico da infecção pelo HIV, a fim de reduzir a Carga Viral (CV) e assim melhorar o status imunológico nas PVHA, reduzindo a ocorrência de infecções oportunistas. Além disso, com a CV indetectável é igual a risco zero de transmissão do vírus por via sexual, contribuindo para a redução de novos casos, tornando-se o objetivo a ser alcançado pela PVHA. No MRJ, o início da TARV é imediato após o diagnóstico, e uma ampla gama de unidades dispensadoras de medicamentos (UDM) ofertam TARV, aumentando o acesso ao tratamento de forma oportuna. Esse movimento de ampliação contribui para a redução da carga viral comunitária, da mortalidade e das internações relacionadas ao HIV/Aids, aproximando o município das metas de que a quase totalidade das pessoas diagnosticadas esteja em uso regular de antirretrovirais e com supressão viral sustentada


6.1. Início de TARV

6.1.1. Em PVHA (>= 13 anos) por mês e ano, MRJ, 2021-2025

Fonte: SICLOM, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


6.1.2. Em crianças (< 13 anos) por mês e ano, MRJ, 2021-2025

Fonte: SICLOM, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


6.1.3. Pessoas em TARV que realizaram Carga Viral no SUS com resultado < 1.000 cópias/ml, MRJ, 2016-2025

Em análise dos dados laboratoriais de PVHA, observa-se um aumento na proporção de pessoas com carga viral indetectável ao longo dos anos, saindo de 86,2% em 2016 para 92,7% em 2025, mantendo-se acima de 90% desde 2018. Apesar do aumento significativo de pacientes em uso de TARV com a carga viral indetectável, o MRJ ainda não alcança a meta global estipulada pela UNAIDS de 95%. Ações para fortalecimento da adesão ao tratamento e cuidado interdisciplinar, visando à integralidade do cuidado e à centralidade do paciente, abordando as desigualdades e vulnerabilidades, precisam ser ampliadas para mudança deste cenário.


Fonte: SISCEL, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


7. Medidas de prevenção

No período de 2020 a 2025, a distribuição de preservativos no município do Rio de Janeiro mantém-se em patamares elevados, com aumento importante especialmente no componente de preservativos internos. Esse padrão reflete o esforço recente de ampliação do acesso aos preservativos, bem como o fortalecimento da autonomia das mulheres na proteção sexual. Observa-se que o número de preservativos externos distribuídos permanece muito alto em todo o período, especialmente em 2024, o que indica manutenção da oferta massiva desse insumo fundamental da prevenção.


7.1. Número de preservativos distribuídos por ano, MRJ, 2020-2025

Ano Preservativo feminino Preservativo masculino
2020 677710 12468095
2021 363720 16756232
2022 790710 12977240
2023 299087 12715920
2024 1719210 17825856
2025 1169251 11682480
a Fonte: SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


7.2. Profilaxia pré-exposição ao HIV

7.2.1 Número de unidades dispensando PrEP no MRJ por ano, MRJ, 2018-2025

Ano Número de unidades Número de usuários
2018 2 486
2019 3 747
2020 4 988
2021 27 1305
2022 95 3944
2023 162 9437
2024 189 14711
2025 202 22025
a Fonte: SICLOM, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


7.2.2. Número de usuários cadastrados para uso de PrEP por ano, MRJ, 2018-2025

Entre 2018 e 2025, observa-se a ampla expansão da Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP) no município do Rio de Janeiro, tanto na rede de serviços quanto no número de pessoas em uso, especialmente a partir de 2021. Entre 2018 e 2020, o programa ainda era incipiente, com no máximo quatro unidades dispensando PrEP e menos de mil usuários ao ano. A partir de 2021, observa-se uma mudança de escala, com ampliação do número de unidades de 27 em 2021 para 202 em 2025, enquanto o contingente acompanhado aumenta de forma acelerada, alcançando cerca de 4 mil usuários em 2022 e superando 20 mil em 2025. Esse comportamento aponta para a consolidação da PrEP como elemento central da prevenção combinada no município, com ganho contínuo de escala e potencial impacto na redução de novas infecções, desde que acompanhado de adesão adequada, seguimento clínico e integração com outras ações de prevenção e diagnóstico.

Fonte: SICLOM, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


7.3. Realização de Tratamento Preventivo para Tuberculose em PVHA, MRJ, 2018-2025

O tratamento preventivo para tuberculose (TPT) em pessoas vivendo com HIV/Aids é uma importante estratégia de prevenção, voltada ao tratamento da infecção latente para evitar o desenvolvimento da tuberculose ativa neste grupo. O MRJ apresenta tendência de aumento do número de PVHA que iniciaram tratamento preventivo para tuberculose, variando de cerca de 100 indivíduos em 2018 para 743 em 2024, sugerindo intensificação da busca ativa de infecção latente e maior integração entre os serviços de TB e HIV. Após discreta redução em 2021, possivelmente relacionada ainda aos efeitos da pandemia de covid-19 sobre a organização da rede e o acesso aos serviços, o indicador volta a crescer de forma consistente. Os dados de 2025 devem ser interpretados como preliminares, uma vez que o ano ainda não foi concluído e é passível de acréscimo de registros ao longo dos meses subsequentes. Esse comportamento reforça a incorporação progressiva do tratamento preventivo ao cuidado das pessoas vivendo com HIV, alinhado às recomendações nacionais e internacionais de reduzir a incidência de tuberculose ativa por meio da identificação e tratamento da infecção latente em populações de maior risco.

Fonte: SILTB, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


8. Considerações finais

Os indicadores apresentados neste boletim demonstram avanços no enfrentamento do HIV/aids na cidade do Rio de Janeiro. A redução do número de novos casos, associada à ampliação da testagem e à queda da positividade evidencia o impacto das estratégias de prevenção combinadas, da expansão do acesso ao diagnóstico e do fortalecimento das ações desenvolvidas. Embora a supressão de carga viral em pessoas em uso de TARV na cidade ainda não alcance a meta global da UNAIDS, os dados de redução da mortalidade por HIV/AIDS e na redução significativa de casos por transmissão vertical demonstram o acompanhamento desses casos na cascata de cuidado.

Mesmo com os progressos, o HIV/AIDS permanece sendo um importante problema de saúde pública para a cidade do Rio de Janeiro, sendo essencial manter os esforços de prevenção, diagnóstico, vigilância, assistência, bem como superar desigualdades que ainda afetam determinados grupos populacionais.

Os resultados reforçam que o município avança de forma consistente no controle da doença, mas ainda há mais avanços necessários para eliminar o HIV/AIDS como um problema de saúde pública. Diante das análises apresentadas, a SMS-Rio reafirma o seu compromisso na construção de políticas para o enfrentamento do HIV/AIDS na cidade, de modo a refletir na melhoria dos indicadores de qualidade de vida e saúde da população.


Relatório produzido pelo CIE - Centro de Inteligência Epidemiológica em 01/12/2025

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