Sífilis no município de Rio de Janeiro


Apresentação

Este boletim foi elaborado em conjunto pelo Centro de Inteligência Epidemiológica (CIE) da Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS) e Área Técnica da Síndrome de Imunodeficiência Adquirida e Doenças Sexualmente Transmissíveis da Coordenação das Linhas de Cuidado das Doenças Crônicas Transmissíveis da Superintendência de Atenção Primária (SAP), ambos da Subsecretaria de Promoção, Atenção Primária e Vigilância em Saúde (SUBPAV) da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS-Rio). Esta edição do boletim epidemiológico é em formato eletrônico e interativo. Como parte da lista Nacional de Notificação Compulsória de Doenças, Agravos e Eventos de Saúde Pública (Portaria GM/MS No.6.734, de 18 de março de 2025), a sífilis adquirida, a sífilis em gestante e a sífilis congênita são agravos cuja notificação de todos os casos é obrigatória e deve ser realizada, em todos os casos, em tempo oportuno, no prazo máximo de até sete dias. Deve ser reforçada a importância da completude de dados na notificação, fundamentais para efetividade das ações de vigilância, permitindo melhor análise do perfil epidemiológico, orientando assim, tomadas de decisões e contribuindo para implementação de políticas públicas de controle e prevenção. O panorama epidemiológico da sífilis no MRJ reúne informações sobre os casos no período de 2014 a 2024 e uma parcial do ano de 2025. Apresenta, também, os dados operacionais ligados à organização da atenção, acesso ao diagnóstico, tratamento e demais ações no enfrentamento da doença no MRJ. Este boletim reafirma o compromisso da SMS-Rio nas ações de controle e prevenção da sífilis.


1. Panorama epidemiológico

Os dados de sífilis são atualizados semanalmente e podem ser consultados no Observatório Epidemiológico da Cidade do Rio de Janeiro (EpiRio), disponível no endereço https://svs.rio.br/epirio .


A vigilância dos casos de sífilis adquirida visa a saúde individual da pessoa assim como garantir a interrupção da cadeia de transmissão da infecção. O diagnóstico e o tratamento adequado de todos os casos são de extrema importância para a saúde pública, porém, especialmente relevante nos casos de sífilis na gestação e de sífilis congênita, culminando na redução de óbitos fetais e infantis, assim como de sequelas nas crianças acometidas pela transmissão vertical da sífilis. Apesar do aumento constante ao longo dos últimos anos, em 2025 a taxa de detecção de sífilis adquirida apresenta um declínio, contudo tratam-se de dados parciais e que pode não se configurar ao final do período. O aumento desde 2020 reflete o enfrentamento da sífilis no município, com intensa testagem, tratamento e vigilância dos casos positivos. Em paralelo, a taxa de detecção em gestantes sofreu um aumento este ano, mesmo com dados parciais, sugerindo o resultado de esforços por maior acesso ao diagnóstico no pré-natal. Por outro lado, a taxa de sífilis congênita continua com tendência de diminuição, mostrando a efetividade do acompanhamento da sífilis gestacional, fruto do fortalecimento das equipes de saúde aliado ao trabalho de vigilância executado para a melhoria da qualificação das fichas de notificação e exclusão de casos notificados equivocadamente.


Taxas de detecção/incidência de sífilis adquirida, gestacional e congênita por ano, MRJ, 2014-2025

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.



1.1. Sífilis adquirida

A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível causada por uma bactéria e, por muitas vezes, pode ser silenciosa, não apresentando sintomas característicos ou estes não serem notados, uma vez que desaparecem ainda que não seja realizado o tratamento. Isso ressalta a importância da testagem, oportunizando o tratamento adequado da infecção. O tratamento de escolha é a penicilina, sendo eficaz para todas as apresentações da sífilis, e o esquema terapêutico é definido conforme classificação clínica. Em 2024 a taxa de detecção de sífilis adquirida alcançou seu pico na série histórica desde 2016, sendo de 247,6 casos por 100 mil habitantes. Observa-se a mesma tendência em todas as Áreas Programáticas (AP) do município, destacando-se a AP 1.0, com valores superiores a 500 casos por 100 mil habitantes, em contraste com áreas como a 2.2, 3.3 e 4.0, com taxas de detecção inferiores a 200 casos por 100 mil habitantes. Ao longo dos anos, analisando o perfil demográfico dos casos de sífilis adquirida no Município do Rio de Janeiro, verifica-se ainda ocorre principalmente no sexo masculino, com predomínio da faixa etária jovem e adulta (de 20 a 39 anos), aumento progressivo de pessoas pretas e pardas, e com 8 a 11 anos de escolaridade, porém deve-se destacar o fato de grande parte dos dados em relação à escolaridade é ignorada.


Taxa de detecção de sífilis adquirida por 100.000 habitantes por ano, MRJ, 2014-2025

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


Número de casos de sífilis adquirida por AP e ano, MRJ, 2014-2025

Ano AP 1.0 AP 2.1 AP 2.2 AP 3.1 AP 3.2 AP 3.3 AP 4.0 AP 5.1 AP 5.2 AP 5.3 MRJ
2014 213 129 38 190 170 241 179 193 267 121 1748
2015 244 148 47 167 252 267 262 415 461 141 2414
2016 351 301 79 417 446 369 494 514 799 186 3970
2017 598 837 146 242 729 877 1242 681 979 128 6494
2018 583 907 193 217 705 878 1539 822 1058 224 7354
2019 562 773 242 543 703 1042 1438 763 1127 297 7608
2020 729 631 371 743 702 1120 1782 726 1211 247 8518
2021 985 1199 396 1877 741 1255 1935 894 1534 289 11351
2022 1577 1097 582 2056 828 1527 1838 2011 1726 905 14699
2023 1321 1128 494 1645 854 1328 1754 1451 1410 965 13804
2024 1813 1477 732 1877 1569 1498 2009 1357 1800 1131 16781
2025 967 796 385 1194 840 1041 1227 816 1038 664 10021
a Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados de 2024 até o mês de outubro.


Taxa de detecção de sífilis adquirida por 100.000 habitantes por AP e ano, MRJ, 2014-2025

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


Distribuição de sexo (A), faixa etária (B), raça/cor (C) e escolaridade (D) dos casos de sífilis adquirida por ano, MRJ, 2014-2025

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


1.2. Sífilis na gestação

A testagem para o rastreio da sífilis na gestação deve ser realizada na primeira consulta do pré-natal para o diagnóstico precoce e tratamento oportuno e dessa forma, a transmissão vertical da sífilis seja evitada para o feto e suas complicações. Os dados da série histórica demonstram um aumento contínuo da taxa de detecção de sífilis em gestantes a partir de 2016 com maior aceleração entre os anos de 2019 e 2020 com uma desaceleração a partir daí, um declínio discreto em 2023 e volta a ter um incremento dos casos em 2024. O ano de 2025 segue esta tendência, porém é necessário aguardar o término do período. Esse cenário é refletido em todas as Áreas Programáticas seguindo essa mesma tendência de aumento da taxa de detecção de sífilis em gestante nos últimos anos, com destaque para as AP 1.0, 3.1 e 5.1 que apresentaram, em 2024, taxas de detecção superiores a 150 casos por 1000 nascidos vivos com tendência de aumento em 2025. A análise dos casos de sífilis em gestantes revela predominância da faixa etária de 20 a 34 anos com discreta redução sustentada entre 10 a 19 anos desde 2020. Em relação à raça/cor, destaca-se o crescimento contínuo da proporção de mulheres pardas e pretas entre os casos notificados. Quanto à escolaridade, nota-se uma redução dos casos com menos de 8 anos de estudo e aumento dos registros com escolaridade de 8 a 11 anos, além de redução da proporção de dados ignorados nos últimos anos.


Taxa de detecção de sífilis em gestante por 1.000 nascidos vivos por ano, MRJ, 2014-2025

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


Taxa de detecção de sífilis em gestante por 1.000 nascidos vivos por AP e ano, MRJ, 2014-2025

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


Número de casos de sífilis em gestantes por AP e ano, MRJ, 2014-2025

Ano AP 1.0 AP 2.1 AP 2.2 AP 3.1 AP 3.2 AP 3.3 AP 4.0 AP 5.1 AP 5.2 AP 5.3 MRJ
2014 225 99 68 450 187 402 309 289 348 191 2572
2015 247 76 71 468 241 496 391 377 435 326 3132
2016 190 123 77 526 290 443 521 441 411 369 3399
2017 249 164 60 721 413 750 681 569 564 487 4680
2018 238 142 84 724 409 822 786 681 575 496 4979
2019 280 151 77 624 326 730 774 624 540 451 4605
2020 342 175 150 1028 577 1058 1015 1040 771 695 6890
2021 299 229 105 1009 504 1061 946 792 862 671 6511
2022 353 209 141 1037 542 1174 895 817 847 755 6809
2023 316 210 101 946 484 879 850 771 701 577 5867
2024 355 210 137 1110 460 941 969 846 853 679 6597
2025 242 148 99 683 356 602 650 581 476 457 4303
a Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


Distribuição da faixa etária (A), raça/cor (B) e escolaridade (C) dos casos de sífilis em gestante por ano, MRJ, 2014-2025

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


Classificação clínica e tratamento

O tratamento da sífilis em pessoa gestante deve ser realizado com benzilpenicilina benzatina e de acordo com a classificação clínica no momento do diagnóstico. Cabe ressaltar que a penicilina benzatina é a única opção segura e eficaz para o tratamento das pessoas gestantes. Qualquer outro tratamento é considerado como não adequado. O intervalo ideal entre as doses deve ser de sete dias, podendo chegar, no máximo, a nove dias, e esse intervalo também deve ser respeitado nas doses subsequentes (quando indicadas). Quando o prazo de nove dias for ultrapassado no esquema prescrito, é necessário reiniciar o tratamento, conforme as notas técnicas do Ministério da Saúde e da SMS-Rio de 2023.


A classificação clínica correta dos casos de sífilis em gestantes define o tratamento adequado e eficaz da infecção. Desde 2017, registra-se aumento nos casos de sífilis latente nos residentes do município do Rio de Janeiro, e redução de sífilis terciária. Esta tendência também é observada em todas as AP. Quanto à prescrição do tratamento adequado para sífilis gestacional, a cidade vem apresentando elevada proporção, mantendo-se acima de 95% desde 2023. Dentre as AP, destacam-se a AP 2.1, AP 3.3, AP 4.0 e AP 5.3 com resultados acima de 95% nos últimos três anos. O tratamento da parceria sexual nos casos de sífilis em gestante vem reduzindo ao longo dos anos, permanecendo como um importante desafio para o enfrentamento da doença, uma vez que quando não identificada e/ou tratada não se interrompe a cadeia de transmissão da doença. A adesão do parceiro ao tratamento em casos de sífilis gestacional ainda representa um ponto de atenção para o enfrentamento da transmissão vertical. Aspectos como desconhecimento do diagnóstico, dificuldade de comparecimento ao serviço de saúde, estigma e baixa percepção de risco podem contribuir para que o tratamento não seja realizado.


Distribuição proporcional da classificação clínica da sífilis em gestante por ano, MRJ, 2014-2025

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


Distribuição proporcional da classificação clínica da sífilis em gestante por AP e ano, MRJ, 2014-2025

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


Distribuição proporcional do tratamento prescrito adequadamente para sífilis gestacional por ano, MRJ, 2014-2025

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


Distribuição proporcional do tratamento prescrito adequadamente para sífilis gestacional por AP e ano, MRJ, 2014-2025

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


Distribuição proporcional do tratamento da parceria do caso de sífilis em gestante por ano, MRJ, 2014-2025

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


Distribuição proporcional do tratamento das parcerias do caso de sífilis em gestante por AP e ano, MRJ, 2014-2025

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


Distribuição dos motivos de não tratamento da parceria do caso de sífilis em pessoa gestante por ano, MRJ, 2014-2025

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


Distribuição dos motivos de não tratamento da parceria do caso de sífilis em gestante por AP e ano, MRJ, 2014-2025

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


1.3. Sífilis congênita

A transmissão da sífilis da pessoa gestante para o concepto pode ocorrer em qualquer fase da gestação ou estágio da doença materna, podendo resultar em aborto, natimorto, parto prematuro ou em uma ampla variedade de manifestações clínicas. Diante disso, a sífilis congênita deve ser prevenida por meio do rastreamento e do tratamento adequado da infecção durante o pré-natal. Em relação à taxa de incidência da sífilis congênita, observa-se que, desde 2022, o município apresenta tendência de redução. No último ano fechado da série analisada (2024), foram registrados 13,8 casos por 1.000 nascidos vivos — o segundo melhor resultado do período. Esse desempenho pode refletir os investimentos realizados pela cidade na qualificação da assistência pré-natal, na captação precoce das gestantes e na ampliação do acesso à testagem.

A análise espacial da doença evidencia o impacto positivo dessa redução entre 2023 e 2024. Embora ainda existam áreas com maior concentração de casos, o mapa referente a 2024 demonstra uma atenuação dessas concentrações em todas as áreas programáticas, indicando avanços no enfrentamento da transmissão vertical da sífilis no município do Rio de Janeiro. Contudo, é possível observar a permanência da concentração de casos em localidades de maior vulnerabilidade social como Maré/Bonsucesso, Benfica, Mangueira, Rocinha, Bangu e Senador Camará, refletindo a determinação social da doença. O gráfico que relaciona os casos de sífilis congênita com os casos de sífilis em gestantes mostra que, em 2024, foi registrada a menor razão de toda a série histórica e o ano de 2025 segue a mesma tendência. Em 2024, a cada 100 gestantes notificadas com sífilis, apenas cerca de 12 evoluíram para casos de sífilis congênita. Essa redução expressiva reforça o êxito das ações de prevenção da transmissão vertical. Destaca-se, nesse processo, a implementação, a partir de 2023, de ferramentas voltadas à qualificação das notificações, que contribuíram significativamente para o aprimoramento da vigilância epidemiológica no município. A comparação das características sociodemográficas, como faixa etária, raça/cor e escolaridade das mães de crianças com sífilis congênita e das gestantes com sífilis demonstra perfis semelhantes ao longo de toda a série histórica. A maior proporção corresponde a mulheres entre 20 e 34 anos, autodeclaradas pretas ou pardas, e com escolaridade entre menos de 8 anos e de 8 a 11 anos de estudo. Ressalta-se, contudo, a elevada proporção de registros com escolaridade ignorada, o que limita a análise detalhada desse perfil. No que se refere à realização do pré-natal, observa-se que mais de 85% das mães de crianças com sífilis congênita realizaram acompanhamento durante a gestação. Entretanto, a análise por Área Programática (AP) indica variações, com proporções menores nas AP 1.0, 3.2, 4.0 e 5.3 no ano de 2024. Quanto ao tratamento materno, os dados revelam uma baixa proporção de tratamento considerado adequado, o que reforça sua relevância na persistência da transmissão vertical. Em 2024, apenas 5,8% das mães de crianças com sífilis congênita receberam tratamento conforme as recomendações, indicando potenciais lacunas no manejo clínico e na prevenção da forma congênita da doença. Por fim, quanto à classificação final dos casos, observa-se que, em 2024, 90,3% foram classificados como sífilis congênita recente, 7,2% como aborto, 2,3% como natimorto e 0,2% como sífilis congênita tardia. Esse perfil reforça a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado durante a gestação, fundamentais para evitar desfechos adversos e interromper a cadeia de transmissão vertical da infecção.


Taxa de incidência de sífilis congênita em menores de 1 ano por 1.000 nascidos vivos por ano, MRJ, 2014-2025

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


Número de casos de sífilis congênita por ano, MRJ, 2014-2025

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


É possível observar o impacto da diminuição da taxa de incidência de sífilis congênita na distribuição espacial entre os anos de 2023 e 2024. Embora ainda se identifiquem áreas com alta concentração de casos, o mapa de 2024 evidencia uma suavização dessas concentrações em todas as áreas programáticas, sugerindo um avanço no enfrentamento da transmissão vertical da doença no município do Rio de Janeiro.


Distribuição espacial da concentração de casos de sífilis congênita, MRJ, 2023


Distribuição espacial da concentração de casos de sífilis congênita, MRJ, 2024


Número total de casos de sífilis congênita por AP e ano, MRJ, 2014-2025.

Nesta tabela estão incluídos os abortos, os natimortos e os casos de SC precoce e tardia.

Ano AP 1.0 AP 2.1 AP 2.2 AP 3.1 AP 3.2 AP 3.3 AP 4.0 AP 5.1 AP 5.2 AP 5.3 MRJ
2014 74 53 32 218 88 269 169 167 159 234 1592
2015 118 52 28 252 58 305 199 200 155 149 1618
2016 118 36 41 227 109 318 168 134 152 60 1470
2017 93 51 27 195 128 186 179 176 234 42 1419
2018 70 48 21 157 72 226 183 173 93 41 1180
2019 114 56 31 154 68 159 108 210 98 34 1140
2020 143 62 40 166 105 229 133 265 77 47 1406
2021 92 47 38 205 112 244 142 182 100 59 1352
2022 106 52 37 206 104 256 147 216 72 24 1361
2023 79 22 25 181 84 239 108 171 80 35 1112
2024 84 16 26 148 37 167 72 162 50 25 880
2025 3 18 5 82 41 93 52 99 29 25 497
a Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


O gráfico da razão entre os casos de sífilis congênita e os casos de sífilis em gestantes apresenta, em 2024, a menor razão de toda a série histórica, indicando que, a cada 100 gestantes com sífilis notificadas, apenas cerca de 12 evoluíram para casos de sífilis congênita. Essa redução expressiva reforça os avanços nas ações de prevenção da transmissão vertical. Um marco importante nesse processo foi a implementação, a partir de 2016, de ferramentas específicas para qualificação das notificações no município, que contribuíram significativamente para o aprimoramento da vigilância.


Razão de casos de sífilis congênita em relação ao total de casos de sífilis em gestantes, MRJ, 2014-2025

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


Distribuição da faixa etária (A), raça/cor (B) e escolaridade (C) materna dos casos de sífilis congênita por ano, MRJ, 2014-2025

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


Realização de pré-natal e tratamento

Realização de pré-natal pelas mães de casos de sífilis congênita por ano, MRJ, 2014-2025

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


Realização de pré-natal pelas mães de casos de sífilis congênita por AP e ano, MRJ, 2014-2025

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


Adequação do tratamento de pessoas que gestaram os casos de sífilis congênita por ano, MRJ, 2014-2025

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


Adequação do tratamento de pessoas que gestaram os casos de sífilis congênita por AP e ano, MRJ, 2014-2025

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


Classificação final dos casos de sífilis congênita

Distribuição da classificação final dos casos de sífilis congênita por ano, MRJ, 2014-2025

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


Distribuição da classificação final dos casos de sífilis congênita por AP e ano, MRJ, 2014-2025

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


Mortalidade infantil por sífilis congênita

A mortalidade infantil por sífilis congênita no município apresenta coeficientes historicamente baixos, com oscilações anuais de pequena magnitude ao longo do período analisado. Observa-se uma discreta redução após 2015, mantendo-se a partir de 2018 em patamares inferiores a 0,20 óbitos por 1.000 nascidos vivos, com exceção de 2020, quando há um aumento pontual do indicador. Desde 2022, o coeficiente é de 0,1 óbito por 1.000 nascidos vivos, sugerindo manutenção da tendência de queda. Embora os números indiquem avanço no enfrentamento da transmissão vertical, trata-se de evento evitável, e qualquer ocorrência exige atenção contínua às ações de prevenção, diagnóstico oportuno e tratamento adequado da sífilis durante o pré-natal.


Taxa de mortalidade infantil específica por sífilis congênita por ano, MRJ, 2014-2025

Fonte: SIM, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


Número de óbitos por sífilis congênita por AP e ano, MRJ, 2014-2025
Ano do óbito AP 1.0 AP 2.1 AP 2.2 AP 3.1 AP 3.2 AP 3.3 AP 4.0 AP 5.1 AP 5.2 AP 5.3 MRJ
2014
1 1 5 4 1 1 1 1 15
2015 2 1 3 4 4 1 3 4 2
24
2016 1
1 1 3 3
3
12
2017
3 3 4 3
3 3
19
2018
1 5 2 2 1
11
2019
2 2 1 1
2
9
2020
4
6 1 3 6
1 21
2021
1
1 2 2 2 3 1 12
2022 1 1 1
1 1 1 2 1
9
2023
1
1
2 1 2 1
8
2024 1 1 1 1
1
5
2025 1
1 1 1
2
6
a Fonte: SIM, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


1.4. Testagem rápida para sífilis

Com 243 Unidades de Atenção Primária (UAP), o município do Rio de Janeiro consegue estar presente em todas as camadas populacionais, com ampla oferta de testes rápidos em suas unidades ou extra-muros, proporcionando acesso ao diagnóstico precoce e tratamento oportuno da sífilis, visando a diminuição da cadeia de transmissão, seja ela horizontal ou vertical. Ressalta-se que além das UAP, testes rápidos também estão disponíveis por toda a rede, incluindo as maternidades, Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e unidades da rede de urgência e emergência municipal, confirmando o compromisso da gestão com o enfrentamento do agravo no município. A série histórica de realização de testes rápidos mostra que desde 2016 a oferta vem aumentando, apesar da queda no período referente à pandemia de COVID-19, e que a partir de 2023 há um aumento considerável ao longo do tempo, ultrapassando os 40 mil testes na maior parte do período até então. Em contraste com o aumento da oferta, verifica-se uma queda na positividade dos resultados da testagem, que era em torno de 13% em 2022 e passa a ser menor que 10% a partir de 2023, à exceção do período de janeiro de 2025, provável reflexo de campanhas realizadas em dezembro de 2024.


Total de testes rápidos para sífilis realizados por mês e ano, MRJ, 2016-2024

Fonte: SISLOGLAB, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


Total de testes rápidos para sífilis realizados em pessoas gestantes e puérperas por mês e ano, MRJ, 2016-2024

Fonte: SISLOGLAB, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


Positividade geral de testes rápidos para sífilis realizados por mês e ano, MRJ, 2016-2024

Fonte: SISLOGLAB, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


2. Considerações finais

Apesar de apresentar um cenário melhor em 2024 em relação aos últimos anos, a sífilis adquirida, a sífilis em gestante e a sífilis congênita ainda representam um problema de saúde pública no município, configurando um grande desafio à gestão. Os elevados índices de detecção de sífilis adquirida e em gestantes evidenciam a necessidade de intensificar as ações de controle, com ênfase na detecção precoce da infecção, no tratamento oportuno e adequado das pessoas diagnosticadas e no rastreamento de parcerias sexuais, visando interromper a cadeia de transmissão e, consequentemente, reduzir a morbimortalidade, especialmente entre crianças. A sífilis congênita, nesse contexto, constitui um importante indicador sentinela, que aponta para a necessidade de aprimorar os processos de atenção à saúde da população. É fundamental avançar na abordagem de prevenção combinada, integrando estratégias de promoção, prevenção e tratamento de forma articulada e intersetorial. Destaca-se, ainda, o papel central da Atenção Primária à Saúde (APS) como coordenadora do cuidado e principal porta de entrada da rede de atenção, essencial para oferecer uma assistência centrada na pessoa e na comunidade. A atuação efetiva da APS é determinante para promover mudanças significativas no enfrentamento da sífilis no território e contribuir para o controle da doença. Espera-se que este boletim contribua para o fortalecimento e a avaliação das políticas e ações públicas de saúde, além de sensibilizar profissionais e gestores quanto à adoção de práticas de cuidado mais qualificadas e efetivas, voltadas ao controle da sífilis no MRJ.


Relatório produzido pelo CIE - Centro de Inteligência Epidemiológica em 28/10/2025

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