Hanseníase no município do Rio de Janeiro


Apresentação

Este boletim foi elaborado em conjunto pelo Centro de Inteligência Epidemiológica (CIE) da Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS) e pela Gerência da Área Técnica das Doenças Dermatológicas Prevalentes da Coordenação das Linhas de Cuidado das Doenças Crônicas Transmissíveis da Superintendência de Atenção Primária (SAP), ambos da Subsecretaria de Promoção, Atenção Primária e Vigilância em Saúde (SUBPAV) da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS-Rio). Esta edição do boletim epidemiológico é em formato eletrônico e interativo.

A hanseníase é uma doença infecciosa crônica causada pelo Mycobacterium leprae. Este agente tem afinidade pelas células da pele e nervos periféricos fazendo com que as principais manifestações da doença sejam cutâneas e neurais, que podem gerar deficiência física. Essa complicação é evitada com a detecção precoce, acompanhamento e tratamento adequado.

A doença integra a Lista Nacional de Notificação Compulsória, o que exige que todos os casos sejam notificados com informações completas, precisas e atualizadas em tempo oportuno. O registro correto dos dados é essencial não apenas para o acompanhamento individual do cuidado, mas também para fornecer subsídios ao planejamento, monitoramento e avaliação das políticas de saúde.


1. Panorama epidemiológico

Os dados de hanseníase são atualizados semanalmente e podem ser consultados no Observatório Epidemiológico da Cidade do Rio de Janeiro (EpiRio), disponível no endereço https://svs.rio.br/epirio.


Entre 2012 e 2024 foram diagnosticados no município do Rio de Janeiro (MRJ) 3.500 casos novos de hanseníase. Com predomínio entre pessoas negras (pretos e pardos), do sexo masculino, com idade entre 50 a 69 anos e escolaridade inferior a 8 anos de estudo. Durante o período, a taxa de detecção apresentou uma tendência geral de queda, com exceção dos anos de 2017 e 2021, que apresentaram aumentos em comparação ao ano anterior.

A seguir serão apresentados os principais indicadores epidemiológicos da hanseníase no MRJ. Os dados foram obtidos do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN).


1.1. Taxa de detecção de hanseníase por 100.000 habitantes por ano, município do Rio de Janeiro (MRJ), 2012-2024

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.



1.2. Distribuição do total de casos novos e em < 15 anos de idade por ano, MRJ, 2012-2024

Ano_diagnostico/Faixa_etaria_ <15 anos >=15 anos Total
2012 7.0% (33) 93.0% (438) 100.0% (471)
2013 4.3% (16) 95.7% (355) 100.0% (371)
2014 5.1% (19) 94.9% (356) 100.0% (375)
2015 3.1% (10) 96.9% (312) 100.0% (322)
2016 3.6% (9) 96.4% (241) 100.0% (250)
2017 4.3% (14) 95.7% (315) 100.0% (329)
2018 4.8% (13) 95.2% (256) 100.0% (269)
2019 3.8% (10) 96.2% (251) 100.0% (261)
2020 1.9% (3) 98.1% (154) 100.0% (157)
2021 3.5% (7) 96.5% (192) 100.0% (199)
2022 2.1% (4) 97.9% (188) 100.0% (192)
2023 2.6% (4) 97.4% (148) 100.0% (152)
2024 3.8% (6) 96.2% (150) 100.0% (156)
Total 4.2% (148) 95.8% (3,356) 100.0% (3,504)
a Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.



1.3. Taxa de detecção de hanseníase por 100.000 habitantes por Área de Planejamento (AP) e ano, MRJ, 2012-2024

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.



1.4. Distribuição geográfica de casos novos de hanseníase no MRJ

Concentração espacial por grade hexagonal de área de residência, MRJ, 2023


Concentração espacial por grade hexagonal de área de residência, MRJ, 2024


1.5. Distribuição por sexo (A), faixa etária (B), raça/cor (C) e escolaridade (D) dos casos novos de hanseníase por ano, MRJ, 2012–2024

Distribuição proporcional no MRJ, 2012-2024

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.



1.6. Modo de entrada de casos de hanseníase

Distribuição proporcional no MRJ, 2012-2024

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.



Distribuição proporcional por AP, MRJ, 2012-2024

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.



1.7. Proporção de casos novos de hanseníase segundo classificação operacional no momento do diagnóstico

Distribuição proporcional no MRJ, 2012-2024

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.



Distribuição proporcional por AP, MRJ, 2012-2024

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.



1.8. Situação de encerramento de casos novos de hanseníase no MRJ, 2013-2024

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.



1.9. Proporção de cura de hanseníase entre os casos novos de diagnóstico nos anos das coortes

Proporção no MRJ, 2013-2024

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.



Proporção por AP, MRJ, 2013-2024

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.




2. Prevenção e tratamento de incapacidades físicas

O Grau de Incapacidade Física (GIF) na hanseníase deve ser verificado por meio da Avaliação Neurológica Simplificada (ANS). Este exame é obrigatório e tem o objetivo de monitorar a função neural do paciente. A ANS deve ser executada no momento do diagnóstico, a cada três meses e ao final do tratamento. Além disso, deve ser repetida nos casos de reações hansênicas e diante de novas queixas.

O registro do GIF no SINAN deve ser feito no momento do diagnóstico e na alta por cura. A avaliação dos indicadores relacionados ao GIF é importante para medir a qualidade do atendimento dos serviços de saúde no que se refere às ações de detecção precoce, prevenção de incapacidades e acompanhamento dos casos.


2.1. Grau de incapacidade avaliado no momento do diagnóstico

Proporção de avaliação no MRJ, 2012-2024

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.



Proporção de avaliação por AP, MRJ, 2012-2024

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.



Distribuição do grau de incapacidade física, MRJ, 2012-2024

Ano_diagnostico/Grau_incapacidade Grau 0 Grau I Grau II Não avaliado Total
2012 62.1% (296) 24.3% (116) 10.3% (49) 3.4% (16) 100.0% (477)
2013 61.8% (235) 22.4% (85) 11.6% (44) 4.2% (16) 100.0% (380)
2014 59.8% (226) 23.3% (88) 10.1% (38) 6.9% (26) 100.0% (378)
2015 65.9% (216) 21.6% (71) 7.6% (25) 4.9% (16) 100.0% (328)
2016 47.6% (119) 24.4% (61) 13.6% (34) 14.4% (36) 100.0% (250)
2017 59.4% (196) 21.2% (70) 11.2% (37) 8.2% (27) 100.0% (330)
2018 64.3% (173) 17.1% (46) 8.2% (22) 10.4% (28) 100.0% (269)
2019 61.7% (161) 18.4% (48) 9.6% (25) 10.3% (27) 100.0% (261)
2020 55.4% (87) 23.6% (37) 8.9% (14) 12.1% (19) 100.0% (157)
2021 57.8% (115) 25.6% (51) 10.6% (21) 6.0% (12) 100.0% (199)
2022 56.2% (108) 24.5% (47) 7.8% (15) 11.5% (22) 100.0% (192)
2023 51.3% (78) 26.3% (40) 5.3% (8) 17.1% (26) 100.0% (152)
2024 37.2% (58) 23.7% (37) 7.1% (11) 32.1% (50) 100.0% (156)
Total 58.6% (2,068) 22.6% (797) 9.7% (343) 9.1% (321) 100.0% (3,529)
a Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.



2.2. Grau de incapacidade avaliado entre os casos curados no momento da alta nos anos das coortes

Proporção de avaliação, MRJ, 2013-2024

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.



Proporção de avaliação por AP, MRJ, 2013-2024

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.



3. Vigilância de contatos de casos novos

A investigação de contatos é o método de detecção de casos com a melhor base de evidências. É de fundamental importância que todos os contatos de casos diagnosticados de hanseníase sejam examinados e, se indicado, realizar o teste rápido de hanseníase e a imunoprofilaxia com BCG. Contatos com teste rápido reagente devem ser avaliados anualmente durante 5 anos. Em contatos com teste rápido não reagente se faz a vigilância passiva com orientação de autoexame e retorno ao serviço de saúde se necessário.


3.1. Proporção de contatos examinados de casos novos de hanseníase diagnosticados nos anos das coortes

Proporção de examinados, MRJ, 2013-2024

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.



Proporção de examinados por AP, MRJ, 2013-2024

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.



4. Considerações finais

A hanseníase ainda permanece endêmica em várias regiões do mundo. No MRJ é um importante desafio para os serviços de saúde pública, sendo fundamental uma Atenção Primária à Saúde (APS) vigilante e com habilidade na suspeição, no diagnóstico precoce e acompanhamento adequado dos pacientes exercendo um trabalho interdisciplinar visando também diminuir o estigma da doença. Neste sentido, este boletim apresentou os indicadores de hanseníase buscando contribuir no planejamento e monitoramento de ações estratégicas para garantir a atenção integral à saúde da população.


Relatório produzido pelo CIE - Centro de Inteligência Epidemiológica em 27/01/2025

Dados sujeitos a alterações.
Divulgação restrita pela SMS-Rio.
Não permitida a reprodução.