HIV/AIDS no município de Rio de Janeiro


Apresentação

Este boletim foi elaborado em conjunto pelo Centro de Inteligência Epidemiológica (CIE) da Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS) e Área Técnica da Síndrome de Imunodeficiência Adquirida e Doenças Sexualmente Transmissíveis da Coordenação das Linhas de Cuidado das Doenças Crônicas Transmissíveis da Superintendência de Atenção Primaria (SAP), ambos da Subsecretaria de Promoção, Atenção Primária e Vigilância em Saúde (SUBPAV) da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS-Rio). Esta 3a. edição do boletim epidemiológico é em formato eletrônico e interativo.

A infecção pelo HIV e a AIDS fazem parte da lista Nacional de Notificação Complusória de Doenças, Agravos e Eventos em Saúde Pública (Portaria GM/MS No.2.010, de 27 de novembro de 2023). Também estão incluídos os casos de infecção em gestantes/parturientes/puérperas e as crianças expostas ao HIV por transmissão vertical. É fundamental que todos os casos sejam notificados, sempre se buscando preencher todas as informações solicitadas.

O panorama epidemiológico do HIV/AIDS no MRJ reúne informações sobre os casos no período de 2012 a outubro de 2024. Apresenta, também, os dados operacionais ligados à organização da atenção, acesso ao diagnóstico, tratamento e demais ações no enfrentamento da doença no MRJ. Este boletim reafirma o compromisso da SMS-Rio nas ações de controle e prevenção ao HIV.

1. Panorama epidemiológico

Os dados de HIV/AIDS são atualizados semanalmente e podem ser consultados no Observatório Epidemiológico da Cidade do Rio de Janeiro (EpiRio), disponível no endereço https://svs.rio.br/epirio .


O monitoramento contínuo do cenário epidemiológico das pessoas vivendo com HIV/AIDS na população do MRJ traz subsídios para as ações de enfrentamento. Por exemplo, a taxa de detecção vai refletir as ações de promoção de saúde, de controle da doença e de acesso ao diagnóstico. Por conta disso, observa-se uma flutuação na taxa de detecção, com o nível de 2022 semelhante ao de 2019, depois de uma redução nos anos pandêmicos. A populaçào jovem do sexo masculino permanece sendo a mais afetada.


1.1. Taxa de detecção de HIV/Aids por 100.000 habitantes por ano, município do Rio de Janeiro (MRJ), 2012-2024

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


1.1.1. Número de casos e taxa de detecção por ano, MRJ, 2012-2024

No município do Rio de Janeiro, a taxa de detecção de HIV e aids por 100.000 habitantes apresentou variações no período de 2012 a 2024. Em 2012, a taxa foi de 37,9 casos por 100.000 habitantes, com um aumento progressivo nos anos seguintes, alcançando o pico de 64,4 casos por 100.000 habitantes em 2017. Esse aumento pode estar relacionado à expansão da testagem, impulsionada pelo programa do Ministério da Saúde “Teste e Trate” no mesmo período, e amplamente disseminado pelo município do Rio de Janeiro.

Após 2017, observou-se uma redução gradual na taxa, atingindo o valor mais baixo da série em 2020, com 35,8 casos por 100.000 habitantes. Esse declínio pode ser atribuído à potente estratégia medicamentosa, instituída a partir de 2017, que levou os pacientes em tratamento rapidamente à indetectabilidade da sua carga viral, diminuindo assim a transmissão do vírus, aliado a outras formas de prevenção do HIV. Porém a baixa taxa de 2020 pode ter sido influenciada pela pandemia de COVID-19, que impactou na procura da população pelos serviços de saúde.

Entre 2021 e 2023, a taxa voltou a apresentar um leve aumento, principalmente quando findada a pandemia e o retorno da população aos serviços de saúde, estabilizando-se em 46,0 casos por 100.000 habitantes no ano de 2023. Em 2024, os dados ainda estão em aberto, mas, até o momento, a taxa encontra-se em 35,4 casos por 100.000 habitantes.


Ano No. casos Taxa de detecção
2012 2393 37.9
2013 2664 41.2
2014 3393 52.2
2015 4054 62.1
2016 4172 63.9
2017 4205 64.4
2018 3634 55.7
2019 3030 46.4
2020 2385 35.8
2021 2541 37.5
2022 3161 46.7
2023 3120 46.0
2024 2571 37.9
a Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


1.2. Taxa de detecção de HIV/Aids por 100.000 habitantes por Área de Planejamento (AP) e ano, MRJ, 2012-2024

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


1.2.1. Taxa de detecção por 100.000 habitantes por AP e ano, MRJ, 2012-2024

Em relação às Áreas de Planejamento (AP) do município do Rio de Janeiro, a AP 1.0 apresentou as taxas mais elevadas de HIV e aids por 100.000 habitantes ao longo do período analisado, alcançando em 2017, 157,5 casos por 100.000 habitantes. Por outro lado, a AP 2.2 registrou as menores taxas durante a série histórica, com o valor mais baixo observado em 2020, com 16,6 casos por 100.000 habitantes. De forma geral, a tendência nas APs foi de aumento até 2017, seguido de um declínio gradual nos anos subsequentes. A AP 5.3 foi uma das áreas que mais reduziu sua taxa ao longo da série histórica, passando de 86,5 casos por 100.000 habitantes em 2016 para 38,5 casos por 100.000 habitantes em 2023, refletindo uma queda significativa. A AP 5.1 apresentou estagnação nas taxas, mantendo valores relativamente estáveis durante todo o período analisado, com apenas uma leve redução em 2020, sem oscilações significativas ao longo dos anos. Importante destacar que taxas de detecção mais elevadas podem estar relacionadas à maior oferta de testagem, o que amplia o poder de diagnóstico e possibilita uma maior notificação dos casos. Esse contexto reforça a importância de políticas públicas voltadas para o acesso aos serviços de saúde e monitoramento epidemiológico. Em relação ao ano de 2024, os dados ainda estão em aberto; no entanto, até o momento, os resultados seguem o perfil observado ao longo da série histórica, com a maior detecção registrada na AP 1.0 e a menor na AP 2.2, destacando as diferenças intraurbanas.


Ano AP 1.0 AP 2.1 AP 2.2 AP 3.1 AP 3.2 AP 3.3 AP 4.0 AP 5.1 AP 5.2 AP 5.3 MRJ
2012 74.2 56.4 32.9 28.9 38.6 32.4 29.5 26.7 38.2 43.7 37.9
2013 81.7 45.9 27.4 40.0 46.6 41.3 29.6 35.9 36.5 40.1 41.2
2014 95.0 61.8 31.7 38.9 48.3 53.1 47.6 48.3 53.8 58.4 52.2
2015 113.1 61.9 36.2 51.7 54.9 51.9 58.9 65.2 77.5 67.2 62.1
2016 112.4 61.5 34.0 56.6 60.8 45.1 61.2 57.3 84.4 86.8 63.9
2017 157.5 57.2 25.2 55.1 67.3 53.9 71.0 53.5 72.7 50.0 64.4
2018 89.1 45.8 26.3 50.0 47.4 44.2 59.3 56.6 65.5 56.1 55.7
2019 86.6 40.8 17.7 37.1 36.9 42.4 38.5 50.8 60.6 46.8 46.4
2020 57.5 26.1 16.6 23.4 29.3 32.7 34.0 44.0 48.8 34.8 35.8
2021 60.7 40.2 18.7 26.7 29.8 33.9 31.0 50.3 46.4 30.4 37.5
2022 75.3 37.4 25.4 41.6 40.8 41.9 42.6 61.7 47.4 40.9 46.7
2023 91.9 37.6 20.8 36.2 40.6 36.9 34.9 57.5 47.5 38.5 46.0
2024 81.0 33.6 18.4 33.2 26.2 32.7 29.0 40.3 43.4 39.7 37.9
a Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


1.3. Distribuição geográfica de casos de HIV/AIDS no MRJ

Na distribuição espacial, para ambos os anos, observa-se uma maior concentração de casos nas regiões Central e Norte da cidade, áreas de maior densidade populacional. Esses locais se destacam por apresentarem as faixas mais elevadas de casos, atingindo até 21-40 casos por hexágono. Na região Oeste da cidade, a concentração de casos é mais dispersa. Embora existam hexágonos com importante concentração de casos, predomina a faixa de 1-5 casos por hexágono. Nas demais regiões da cidade, é possível identificar áreas pontuais com faixas mais elevadas de casos, possivelmente relacionadas à maior densidade populacional ou melhor acesso aos serviços de saúde e diagnóstico. Os dados de 2024 ainda não estão concluídos, mas a distribuição espacial segue um padrão semelhante ao observado em 2023.


1.3.1. Concentração espacial por grade hexagonal de área de residência de casos de HIV/AIDS, MRJ, 2023


1.3.2. Concentração espacial por grade hexagonal de área de residência de casos de HIV/AIDS, MRJ, 2024


1.4. — Dados demográficos dos casos de HIV/Aids, MRJ, 2012-2024

A distribuição proporcional dos casos de HIV e aids no município do Rio de Janeiro foi analisada considerando sexo, faixa etária, raça/cor e escolaridade. Em relação ao sexo, observa-se que os casos masculinos predominaram ao longo de toda a série histórica. Quanto à faixa etária, as maiores proporções de casos concentram-se entre indivíduos de 20 a 39 anos, com destaque para a faixa de 20-29 anos. As faixas etárias mais jovens (10-19 anos) e mais velhas (60 anos ou mais) representaram menores proporções, embora tenham apresentado aumentos pontuais em alguns anos. A análise por raça/cor evidencia uma maior proporção de casos entre pessoas de cor parda e branca. Contudo, observa-se uma tendência de redução na proporção de casos em pessoas de cor branca, que apresentaram maior representatividade no início da série histórica. Paralelamente, destaca-se o aumento gradual da proporção de casos em pessoas de cor parda, especialmente nos anos mais recentes. Já a escolaridade aponta para uma predominância de casos em indivíduos com 8 a 11 anos de estudo, embora haja variações anuais. Também chama atenção o elevado número de casos registrados como Ignorado para escolaridade, além da presença de casos em indivíduos com menos de 8 anos de estudo. Esses perfis reforçam a importância de estratégias específicas voltadas para diferentes grupos sociais e demográficos, com o objetivo de garantir equidade no diagnóstico, tratamento e prevenção do HIV e aids no município.

1.4.1. Distribuição por sexo (A), faixa etária (B), raça/cor (C) e escolaridade (D) dos casos de AIDS por ano, MRJ, 2012–2024

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


1.4.2. Pirâmide etária dos casos de HIV/AIDS por ano, MRJ, 2012-2024

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


1.5. Classificação clínica no momento da notificação por ano

Nos anos de 2012 e 2013, observa-se uma predominância dos casos notificados classificados como aids, representando mais da metade das notificações nesse período. Esse cenário coincide com o início da amplificação do diagnóstico em 2014, com a utilização dos testes rápidos, marcando uma ampliação no acesso à testagem e diagnóstico. A partir de 2014, torna-se obrigatória a notificação da infecção por HIV, e no mesmo período inicia-se o atendimento das pessoas vivendo com HIV e aids (PVHA) na atenção primária, o que contribuiu para uma mudança gradual no perfil das notificações, com redução na proporção de casos classificados como aids e aumento das notificações de HIV. Em 2016, efetiva-se a descentralização do atendimento e acompanhamento das PVHA, consolidando uma abordagem mais próxima e acessível à população. Entre 2017 e 2024, verifica-se certa estabilização na distribuição das categorias, com a maioria dos casos sendo classificados como HIV, enquanto as notificações de aids permanecem em níveis menores. Essa mudança ao longo do tempo sugere uma melhora significativa no diagnóstico precoce das infecções por HIV, reduzindo a proporção de casos que evoluem para aids antes de serem notificados. Esses avanços podem ser atribuídos à ampliação do acesso à testagem, às campanhas de conscientização e à entrada de novas tecnologias medicamentosas, assim como às estratégias eficazes de descentralização, evidenciando progressos importantes no enfrentamento do HIV e aids no município. A análise por Área de Planejamento (AP) no município do Rio de Janeiro entre 2012 e 2024 na proporção de casos classificados como aids e HIV segue a tendência geral do município, que apresenta uma transição significativa para diagnósticos precoces de HIV ao longo do tempo. Nas APs 2.1, 2.2 e 3.1, a mudança foi mais acentuada, com a série histórica iniciando com 74% a 80% dos casos detectados como aids, com redução para 17% a 20% em 2023. Destaca-se a AP 5.2 que a partir de 2020, apresentou menos de 10% dos diagnósticos classificados como aids, exceto em 2022, quando houve um aumento para 13,5%, seguido de uma nova redução para menos de 10%, sugerindo melhorias na continuidade da detecção precoce. Já a AP 5.3 apresenta, ao longo de sua série histórica, menos de 50% dos diagnósticos classificados como aids, mas evidencia certa estagnação na transição diagnóstica, indicando desafios para consolidar a predominância do diagnóstico precoce de HIV. Outro ponto relevante é que a AP 3.2 mostrou um aumento proporcional das notificações de aids nos últimos anos, o que pode sinalizar dificuldades específicas na continuidade do diagnóstico precoce ou no acompanhamento adequado das pessoas vivendo com HIV e Aids (PVHA). De forma geral, as diferenças entre as APs evidenciam avanços significativos na implementação de estratégias de saúde pública em grande parte do município, mas reforçam a necessidade de priorizar ações específicas em áreas que ainda apresentam desafios no acesso ao diagnóstico precoce e na redução dos casos de aids. A comparação entre as áreas ressalta a importância de monitorar continuamente as tendências locais para garantir maior equidade no enfrentamento do HIV e aids.

1.5.1. Distribuição proporcional no MRJ, 2012-2024

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


1.5.2. Distribuição proporcional por AP, MRJ, 2012-2024

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.



2. HIV em gestantes

2.1. Taxa de detecção de infecção pelo HIV em gestantes por 1.000 nascidos vivos, MRJ, 2012-2024

A taxa de detecção de infecção pelo HIV em gestantes por 1.000 nascidos vivos no município do Rio de Janeiro apresentou um aumento nos primeiros anos do período analisado, passando de 4,5 gestantes por 1.000 nascidos vivos em 2012 para aproximadamente 6,4 por 1.000 nascidos vivos em 2014. Esse crescimento reflete a ampliação da testagem e do diagnóstico precoce, impulsionados pela descentralização dos serviços de saúde, pela maior acessibilidade às estratégias de prevenção e detecção, e pela implementação da testagem durante o pré-natal e no momento do parto. Esse crescimento reflete a implementação do rastreio do HIV no pré-natal, que oportuniza o diagnóstico precoce, aliado à descentralização da testagem nos serviços de saúde e à maior acessibilidade às estratégias de prevenção e detecção. Entre 2014 e 2019, a taxa estabiliza-se em torno de 6,0 gestantes por 1.000 nascidos vivos, indicando a consolidação dos esforços de detecção nesse período. A partir de 2019, verifica-se um aumento, chegando a 7,8 por 1.000 nascidos vivos em 2024, embora este último ano ainda esteja em aberto, podendo haver alterações nos dados reportados. A taxa de detecção de infecção pelo HIV em gestantes por 1.000 nascidos vivos no município do Rio de Janeiro apresenta crescimento em algumas Áreas Programáticas (AP) em 2023. Destacam-se a AP 1.0, com uma taxa de 16 gestantes com HIV a cada 1.000 nascidos vivos, e a AP 3.2, que registra 10,4 gestantes na mesma proporção. A AP 3.3 mantém uma tendência consistente de aumento na detecção ao longo do período. Vale ressaltar que o crescimento na detecção de HIV em gestantes oportuniza a identificação precoce e contribui para o monitoramento adequado das gestantes e a adoção de medidas preventivas para reduzir a transmissão vertical do HIV. Algumas áreas, como AP 2.2 e AP 5.2, apresentam estabilidade ou pequenas oscilações ao longo do tempo, indicando um comportamento mais regular em relação às demais APs. Atualmente, uma mulher vivendo com HIV se sente mais segura para engravidar, pois a maternidade é possível com o tratamento adequado e acompanhamento médico. Esse dado indica um aumento proporcional na detecção de gestantes vivendo com HIV, reforçando a necessidade de estratégias contínuas de prevenção e cuidado, incluindo a testagem e o acompanhamento no pré-natal, além de medidas no parto e o bloqueio da amamentação, a fim de impactar de forma positiva na redução da transmissão vertical do HIV.

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


2.2. Taxa de detecção de infecção pelo HIV em gestantes por 1.000 nascidos vivos e por AP, MRJ, 2012-2024

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.



3. HIV em crianças

3.1. Número de casos por ano, MRJ, 2012-2024

Observa-se variações ao longo do tempo nos casos de HIV e/ou aids em crianças menores de 5 anos por transmissão vertical no município do Rio de Janeiro, com uma queda expressiva entre 2012 e 2013, passando de 28 para 13 casos. Apesar dos aumentos em 2014, 2018 e 2021, observa-se uma tendência de redução gradativa ao longo da série até 2023, com destaque para o fato de que, após 2014, os casos não ultrapassam 20 registros anuais. No ano de 2024, até o momento, o município do Rio de Janeiro não apresentou casos notificados, embora os dados ainda sejam parciais. Essa tendência sugere avanços no controle da transmissão vertical, desde a detecção precoce e acompanhamento da gestante com HIV até o monitoramento das crianças expostas. Reforça-se a importância da vigilância contínua, e do fortalecimento da cadeia de cuidado para eliminação da transmissão vertical do HIV no município do RJ.

Fonte: SINAN, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.



4. Mortalidade

O decréscimo da taxa de mortalidade por AIDS acompanhou a evolução da terapia antirretroviral, com uma tendência de redução. Hoje em dia, as principais causas de morte em PVHA deveriam acompanhar as da população em geral, com as doenças cardiovasculares e as neoplasias. Entretanto, a tuberculose continua sendo uma causa de morte importante entre os PVHA, embora exista a oportunidade de prevenção com o tratamento da infecção tuberculosa latente.

4.1. MRJ

4.1.1. Taxa de mortalidade por 100.000 habitantes e ano, MRJ, 2012-2024

A taxa de mortalidade vem apresentando queda constante, com 14,1/100.000 em 2014 e 6,0/100.000 em 2023. Comparando com os dados nacionais, essa queda da taxa de mortalidade no município do Rio de Janeiro acompanha a queda no coeficiente de mortalidade padronizado para o Brasil, que passou de 5,5 para 4,1 óbitos por 100 mil habitantes (Brasil, 2022).

Fonte: SIM, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


4.1.2. Taxa de mortalidade por sexo, MRJ, 2012-2024

A população masculina segue registrando as maiores taxas de mortalidade por aids ao longo dos anos no município do Rio de Janeiro, mantendo valores superiores aos do sexo feminino em todo o período analisado, atingindo em 2014 18,8 óbitos por 100.000 habitantes. Em 2024 (dados preliminares), a taxa de mortalidade masculina apresenta uma redução para 8,7 óbitos por 100.000 habitantes, enquanto a taxa feminina permanece em patamares mais baixos, com 4,4 óbitos por 100.000 habitantes.

Fonte: SIM, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


4.1.3. Taxa de mortalidade por raça/cor, MRJ, 2012-2024

A taxa de mortalidade por raça/cor no MRJ entre 2012 e 2024 apresenta que as populações preta e parda possuem maiores valores de mortalidade por aids ao longo do período. A taxa para a população preta em 2014 atingiu 30,9 óbitos por 100.000 habitantes, seguido de um declínio gradual, chegando a 15,3 por 100.000 habitantes em 2024 (dados preliminares). Em contraste, a população branca, mantém taxas significativamente mais baixas e estáveis, sendo a mais alta 9,7 óbitos por 100.000 habitantes em 2015. Considerando que pessoas brancas e pardas são as mais diagnosticadas com HIV, esses dados podem significar ponto importante de iniquidade na qualidade assistencial para a população raça/cor preta.

Fonte: SIM, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


4.1.4. Número de óbitos por faixa etária e sexo, MRJ, 2012-2024

Quanto aos óbitos por faixa etária e sexo no município do Rio de Janeiro (MRJ), observa-se que a maior proporção de óbitos, em ambos os sexos, concentra-se na faixa etária de 20 a 39 anos.E esse perfil se mantém ao longo da série histórica.


Fonte: SIM, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


4.2. AP

4.2.1. Taxa de mortalidade por 100.000 habitantes por AP e ano, MRJ, 2012-2024

Os gráficos mostram que a tendência nas Áreas Programáticas (APs) acompanha a redução geral da mortalidade observada no município do Rio de Janeiro (MRJ), embora ainda existam flutuações pontuais ao longo dos anos. A AP 1.0 destaca-se por uma queda mais acentuada no início do período, seguida de uma estabilização. Nas APs 2.1, 2.2 e 4.0 verifica-se o declínio com oscilações pontuais e mantendo sua taxa menor que 10 óbitos a cada 100.000 habitantes. Já as APs 5.1, 5.2 e 5.3 mostram um comportamento mais irregular, com alternância entre quedas e aumentos ao longo do tempo. Esses padrões sugerem uma melhoria contínua na mortalidade em diversas APs, possivelmente refletindo avanços no acesso aos serviços de saúde e intervenções específicas. Contudo, as variações observadas entre as APs indicam desigualdades territoriais que merecem maior atenção e ações direcionadas.


Fonte: SIM, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


4.2.2. Número de óbitos por AP e ano, MRJ, 2012-2024

Ano 1.0 2.1 2.2 3.1 3.2 3.3 4.0 5.1 5.2 5.3 MRJ
2012 69 60 30 121 66 128 64 120 98 66 834
2013 76 52 30 108 82 156 81 94 71 67 827
2014 79 63 28 125 95 150 97 102 107 66 917
2015 59 51 35 122 74 132 96 112 84 47 820
2016 54 45 27 125 75 129 57 96 70 61 742
2017 39 38 20 108 60 130 77 83 68 53 683
2018 47 32 24 101 49 112 83 83 80 42 657
2019 46 31 23 95 53 98 82 81 68 42 628
2020 39 40 25 85 58 103 86 109 74 49 672
2021 37 50 24 92 60 88 89 72 53 41 611
2022 46 27 24 73 49 94 67 70 66 44 565
2023 43 26 19 55 46 81 63 66 51 36 491
2024 30 27 9 60 39 78 51 56 48 35 435
a Fonte: SIM, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.



5. Testagem rápida para HIV

Os testes rápidos que detectam os anticorpos contra o HIV estão disponíveis em todas as Unidades de Atençao Primária do MRJ, como parte do investimento da SMS-Rio na ampiação do acesso ao diagnóstico.

5.1. Número de testes realizados por mês e ano, MRJ, 2016-2024

O número de testes rápidos realizados por mês e ano no município do Rio de Janeiro (MRJ), entre 2016 e 2024, apresenta uma tendência de crescimento ao longo do período. Destaca-se o período entre 2016 e 2018, quando a oferta mensal de testes ultrapassou a marca de 20.000, mantendo-se em patamares elevados, até que em dezembro de 2023 supera a marca de 40.000 testes por mês. Observam-se, ainda, flutuações ao longo da série, possivelmente relacionadas a fatores externos, como a pandemia de COVID-19. A partir de 2022, verifica-se uma retomada consistente do crescimento, evidenciando a ampliação da oferta e realização dos testes rápidos. Essa trajetória reflete esforços contínuos no diagnóstico precoce a fim de permitir o tratamento em tempo oportuno, na prevenção e controle do HIV/Aids no município.


Fonte: SISLOGLAB, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.



5.2. Número de testes realizados, número e proporção de testes positivos por ano, MRJ, 2016-2024

Ano Testados Positivos Proporção positivos
2016 160221 3640 2.3
2017 283850 4749 1.7
2018 318080 4650 1.5
2019 307013 4088 1.3
2020 265726 3783 1.4
2021 278605 3821 1.4
2022 300981 3613 1.2
2023 384383 3987 1.0
2024 416171 4062 1.0
a Fonte: SISLOGLAB, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


5.3. Positividade dos testes rápidos por mês e ano, MRJ, 2016-2024

O número de testes rápidos de HIV realizados aumentou significativamente ao longo dos anos, passando de 160.221 em 2016 para 416.171 em 2024 (parcial). Observa-se que com o crescimento houve uma redução progressiva na proporção de testes positivos, que caiu de 2,3% em 2016 para 1,0% em 2023 e 2024. O gráfico de positividade por mês reforça essa tendência de queda na proporção de testes reagentes ao longo do período. Nos primeiros anos, especialmente em 2016, a positividade apresentou valores mais elevados, chegando a 4,1%. A partir de 2017, há uma queda gradual e estabilização, mantendo-se entre 1% e 2%. Esse comportamento pode estar associado ao aumento da cobertura de testagem, maior acesso aos testes rápidos, diagnóstico precoce, tratamento e acompanhamento e estratégias de controle da doença.

Fonte: SISLOGLAB, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.



6. Terapia antirretroviral (TARV)

A TARV deve ser iniciada em até 7 dias após o diagnóstico da infecção pelo HIV, a fim de reduzir a Carga Viral (CV) e assim melhorar o status imunológico nas PVHA, reduzindo a ocorrência de infecções oportunistas. Além disso, com a CV indetectável é igual a risco zero de transmissão contribuindo para a redução de novos casos, tornando-se o objetivo a ser alcançado pela PVHA.


6.1. Início de TARV

6.1.1. Em PVHA (>= 13 anos) por mês e ano, MRJ, 2021-2024

Fonte: SICLOM, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


6.1.2. Em crianças (< 13 anos) por mês e ano, MRJ, 2021-2024

Fonte: SICLOM, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


7. Medidas de prevenção

A distribuição de preservativos no município do Rio de Janeiro (MRJ) apresenta um aumento significativo na distribuição total, especialmente em 2024, que chega a 19.545.066 preservativos distribuídos.


7.1. Número de preservativos distribuídos por ano, MRJ, 2020-2024

Ano Preservativo feminino Preservativo masculino
2020 677710 12468095
2021 363720 16756232
2022 790710 12977240
2023 299087 12715920
2024 1719210 17825856
a Fonte: SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


7.2. Profilaxia pré-exposição ao HIV

7.2.1 Número de unidades dispensando PrEP no MRJ por ano, MRJ, 2018-2024

Ano Número de unidades Número de usuários
2018 1 486
2019 2 747
2020 3 988
2021 25 1305
2022 89 3944
2023 167 7279
2024 185 13452
a Fonte: SICLOM, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


7.2.2. Número de usuários cadastrados para uso de PrEP por ano, MRJ, 2018-2024

A expansão da Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP) no MRJ entre 2018 e 2024, tanto no número de unidades dispensadoras quanto no número de usuários atendidos, revela um crescimento contínuo e ações importantes ao longo dos anos. O número de unidades dispensadoras passou de apenas 1 unidade em 2018, com a ampliação para a rede pública, para 185 unidades em 2024. Esse avanço reflete a ampliação da capilaridade e da oferta do medicamento, permitindo que mais pessoas, especialmente as populações mais vulneráveis, tenham acesso à profilaxia. O gráfico do número de usuários utilizando PrEP por ano, demonstra um crescimento exponencial de usuários da PrEP ao longo dos anos. Em 2018, o programa atendia 486 usuários. Já em 2021, observa-se um aumento gradual, impulsionado pela ampliação da prescrição para a rede particular pelo Ministério da Saúde (MS), a autorização para prescrição por enfermeiros e a ampliação do número de Unidades Dispensadoras de Medicamentos (UDMs) pelo MRJ. A partir de 2022, o MRJ descentralizou a prescrição da PrEP e ampliou ainda mais o número de UDMs, enquanto o MS lançou um novo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT). O novo PCDT introduziu a PrEP a partir dos 15 anos para pessoas com peso mínimo de 35 kg e a modalidade PrEP sob demanda, oferecendo maior flexibilidade no uso da profilaxia. Em 2023, o Ministério da Saúde autorizou a prescrição por farmacêuticos, ampliando ainda mais o acesso, enquanto a SMS-RJ inaugurou o Centro de Prevenção Combinada, reforçando as ações de prevenção e cuidado integrados. Em 2024, o programa atingiu o marco de 13.452 usuários, consolidando a PrEP como uma estratégia fundamental de prevenção combinada ao HIV. Esses resultados refletem o fortalecimento das políticas públicas de enfrentamento à epidemia do HIV no município, com foco na ampliação do acesso, descentralização do atendimento e ações educativas. As medidas implementadas ao longo dos anos demonstram avanços significativos na oferta da PrEP, consolidando-a como uma ferramenta essencial no combate à transmissão do vírus e no fortalecimento da saúde pública.

Fonte: SICLOM, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


7.3. Realização de Tratamento Preventivo para Tuberculose em PVHA, MRJ, 2018-2024

O gráfico apresenta a realização de Tratamento Preventivo para Tuberculose (TPT) em pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHA) no município do Rio de Janeiro (MRJ) entre 2018 e 2024, saindo de 99 para 687 o número de que iniciaram o tratamento preventivo ao longo da série histórica. O tratamento preventivo de tuberculose (TPT) passa a ser objeto de no SILTB a partir de 2018, marcando um avanço importante na vigilância e monitoramento da infecção latente da tuberculose. A partir desse mesmo ano, também houve um aumento na avaliação de contactantes de pacientes com diagnóstico de tuberculose, o que oportunizou a oferta de testagem e a detecção do HIV em populações vulneráveis, ampliando a oferta do tratamento preventivo. O gráfico revela um aumento mais expressivo entre 2019 e 2020, seguido de uma leve redução em 2021, e uma retomada consistente a partir de 2022, alcançando 687 casos em 2024 em tratamento preventivo. Esses resultados destacam a importância de ações integradas na identificação precoce de casos de coinfeção tuberculose e HIV, além da ampliação das medidas de prevenção e cuidado para pessoas vivendo com HIV/AIDS.

Fonte: SILTB, SMS-RJ. Dados sujeitos a alterações.


8. Considerações finais

De acordo com dados do Ministério da Saúde, desde 2020 o MRJ está dentro da meta global da UNAIDS de supressão de carga viral em pessoas em uso de TARV (ao menos 95% com carga viral <1000 cópias/mL). 93% apresentam carga viral <200 cópias/mL no período e entre 86 e 90% com CV abaixo de 50 cópias/mL. O acesso continuado aos testes, ao diagnóstico e início da TARV precocemente, seguidos da manutenção da carga viral indetectável vão ditar o sucesso no controle da doença. A SMS-Rio investe no controle do HIV e aids e outros agravos por meio da expansão e qualificação das ações de prevenção, diagnóstico e tratamento na Atenção Primária à Saúde.


Relatório produzido pelo CIE - Centro de Inteligência Epidemiológica em 22/12/2024

Dados sujeitos a alterações.
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Não permitida a reprodução.